Sábado 29 de julho de 2017 estivemos na área fronteiriça do Brasil com
a Argentina, onde ocorreu a maior batalha naval da América. Há 376 anos, no dia
11 de março de 1641 se formou um processo de guerra com 11.000 pessoas a se
embaterem nas águas do rio Uruguai.
Saímos em duas canoas do município brasileiro de Porto Vera Cruz, que
está em frente ao Município da Argentina de Panambi, onde está o Cerro M’Bororé.
Por água fomos até o arroio Acaraguá, cerca de 35 km acima de onde descemos
como se fôssemos as forças que embateram naquela data, sempre em busca de
fotografias e de averiguar os detalhes dos mapas da grande Batalha de M’Bororé
que tínhamos em mãos.
Os relatórios dos Jesuítas que temos demonstram que as forças
jesuítico-guarani se prepararam de forma concreta e decisiva para a batalha que
estava prevista. Desde 1618 os Bandeirantes atacavam as Missões em busca de mão
de obra escrava para suas lavouras de São Paulo e Rio de Janeiro. Durante este
período os paulistas foram responsáveis pelo deslocamento de 30 reduções, 18
delas no Rio Grande do Sul, e pela morte de mais de 600.000 nativos na América.
Estes fatos são de um tempo onde haviam 18 reduções no Rio Grande do
Sul e não os Sete Povos como conhecemos hoje. No Paraná estavam treze reduções
e no Mato Grosso do Sul cerca de oito reduções. Atacadas durante muitos anos se
deslocaram e estavam em 1641 nas regiões onde hoje chamamos de Província de
Misiones e Corrientes.
Sobre o que ocorreu – em 1639 – Os jesuítas, cansados de serem atacados
pelos Bandeirantes, prepararam-se para embater. Pe. Montoya foi a Madri e
conseguiu a autorização para uso de armas de fogo: Conseguiu comprar 300 fuzis
e um canhão. Em 11 de março 1641 cerca de 6800 pessoas das forças Bandeirantes,
entre mamelucos e tupis atacaram as reduções.
A BATALHA DE M’BORORÉ foi a primeira batalha naval da América e
localizou-se no rio Uruguai entre o arroio Acaraguá (AR) e especialmente no
território onde hoje está o município de Porto Vera Cruz (Brasil) e o município
de Panambi (Argentina).
A força jesuítica-guarani se preparou de forma concreta e decisiva.
4200 guaranis receberam instrução militar dos Irmãos, ex-militares: João
Cardenas, Antônio Bernal e Domingos de Torres. As operações foram dirigidas
pelo Padre Romero. As forças defensoras estavam dirigidas pelos Padres
Cristovão Altamirano, Pedro Mola, João de Porras, José Domenech, Miguel Gomez e
Domingo Suarez.
O Capitão General foi Nicolau Nenguirú (cacique da redução de
Concepción) auxíliado pelos capitães Inácio Abiarú, (cacique da redução de
Nossa Senhora de Assunção do Acaraguá); Francisco Mbayroba (Cacique de São
Nicolau), e o CaciqueArazay de San Javier.
A batalha ocorreu dentro do rio Uruguai por vários dias, seguidos os
bandeirantes, depois por terra formaram a grande vitória Jesuítica-Guarani
frente aos Paulistas. Os cerca de 250 sobreviventes das forças Bandeirantes
chegaram a São Paulo somente dois anos depois. A vitória dos missioneiros foi
tão importante que os inimigos jamais retornaram a atacar as reduções, mudando
sua política expansionista para a busca das minas de ouro e diamante nas Minas
Gerais e no oeste brasileiro, o que demonstra a importância do fato histórica
para a formação do que chamamos de Brasil na atualidade.
A expedição estabelecida neste final do mês de julho de 2017 leva
repensar sobre os grandes fatos históricos da fronteira noroeste do Rio Grande
do Sul, que pensa a ocupação territorial a partir da entrada europeia do início
dos anos 1900. Anteriormente viveram pessoas há 12.000 anos e há 376 anos a
história é simplesmente a mais fantástica batalha naval da América.
Nenhum comentário:
Postar um comentário