quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Expedição a área da Batalha de M’Bororé

Sábado 29 de julho de 2017 estivemos na área fronteiriça do Brasil com a Argentina, onde ocorreu a maior batalha naval da América. Há 376 anos, no dia 11 de março de 1641 se formou um processo de guerra com 11.000 pessoas a se embaterem nas águas do rio Uruguai.
Saímos em duas canoas do município brasileiro de Porto Vera Cruz, que está em frente ao Município da Argentina de Panambi, onde está o Cerro M’Bororé. Por água fomos até o arroio Acaraguá, cerca de 35 km acima de onde descemos como se fôssemos as forças que embateram naquela data, sempre em busca de fotografias e de averiguar os detalhes dos mapas da grande Batalha de M’Bororé que tínhamos em mãos.
Os relatórios dos Jesuítas que temos demonstram que as forças jesuítico-guarani se prepararam de forma concreta e decisiva para a batalha que estava prevista. Desde 1618 os Bandeirantes atacavam as Missões em busca de mão de obra escrava para suas lavouras de São Paulo e Rio de Janeiro. Durante este período os paulistas foram responsáveis pelo deslocamento de 30 reduções, 18 delas no Rio Grande do Sul, e pela morte de mais de 600.000 nativos na América.
Estes fatos são de um tempo onde haviam 18 reduções no Rio Grande do Sul e não os Sete Povos como conhecemos hoje. No Paraná estavam treze reduções e no Mato Grosso do Sul cerca de oito reduções. Atacadas durante muitos anos se deslocaram e estavam em 1641 nas regiões onde hoje chamamos de Província de Misiones e Corrientes.
Sobre o que ocorreu – em 1639 – Os jesuítas, cansados de serem atacados pelos Bandeirantes, prepararam-se para embater. Pe. Montoya foi a Madri e conseguiu a autorização para uso de armas de fogo: Conseguiu comprar 300 fuzis e um canhão. Em 11 de março 1641 cerca de 6800 pessoas das forças Bandeirantes, entre mamelucos e tupis atacaram as reduções.
A BATALHA DE M’BORORÉ foi a primeira batalha naval da América e localizou-se no rio Uruguai entre o arroio Acaraguá (AR) e especialmente no território onde hoje está o município de Porto Vera Cruz (Brasil) e o município de Panambi (Argentina).
A força jesuítica-guarani se preparou de forma concreta e decisiva. 4200 guaranis receberam instrução militar dos Irmãos, ex-militares: João Cardenas, Antônio Bernal e Domingos de Torres. As operações foram dirigidas pelo Padre Romero. As forças defensoras estavam dirigidas pelos Padres Cristovão Altamirano, Pedro Mola, João de Porras, José Domenech, Miguel Gomez e Domingo Suarez.
O Capitão General foi Nicolau Nenguirú (cacique da redução de Concepción) auxíliado pelos capitães Inácio Abiarú, (cacique da redução de Nossa Senhora de Assunção do Acaraguá); Francisco Mbayroba (Cacique de São Nicolau), e o CaciqueArazay de San Javier.
A batalha ocorreu dentro do rio Uruguai por vários dias, seguidos os bandeirantes, depois por terra formaram a grande vitória Jesuítica-Guarani frente aos Paulistas. Os cerca de 250 sobreviventes das forças Bandeirantes chegaram a São Paulo somente dois anos depois. A vitória dos missioneiros foi tão importante que os inimigos jamais retornaram a atacar as reduções, mudando sua política expansionista para a busca das minas de ouro e diamante nas Minas Gerais e no oeste brasileiro, o que demonstra a importância do fato histórica para a formação do que chamamos de Brasil na atualidade.
A expedição estabelecida neste final do mês de julho de 2017 leva repensar sobre os grandes fatos históricos da fronteira noroeste do Rio Grande do Sul, que pensa a ocupação territorial a partir da entrada europeia do início dos anos 1900. Anteriormente viveram pessoas há 12.000 anos e há 376 anos a história é simplesmente a mais fantástica batalha naval da América.

José Roberto de Oliveira – Pesquisador.

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