terça-feira, 16 de maio de 2017

As Missões começam em 3 de maio de 1626, ou seja são as "raízes do Rio Grande do Sul"

Os Santos Missioneiros desconhecidos e o Turismo Jesuítico-Guarani
As Missões são um roteiro turístico Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, único no Sul do Brasil em que os turistas têm experiências relacionadas à cultura e a espiritualidade.
Historicamente o projeto foi constituído pelos jesuítas a partir das utopias de Morus, Bacon e Campanella. O Padre Lugon, em seu livro, disse que foi a mais original das sociedades realizadas. Paul Lafargue, em conjunto com Bernstein, Kautski, Plechanov explica que o projeto constituiu um das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram lugar.  Também Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros cristãos e descrevia suas comunidades como a realização ideal do cristianismo. Voltaire afirmou que o projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”. Montesquieu chamou de “primeiro estado industrial da América”. O Abade Carbonel chamou de “coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización Social de lãs Doctrinas Guaranies, escreve que o maravilhoso surge a cada passo. O filósofo Rayal escreveu: Aí se observavam as leis, reinava uma civilidade exata, os costumes eram puros, uma fraternidade feliz unia os corações, todas as artes de necessidade estavam aperfeiçoadas. A abundância era ai universal. Teve a graça das crianças, uma pureza repleta de candura. O mundo novo que estamos procurando realizar não pode menosprezar a lição fornecida.
Com relação à espiritualidade é imperdível  visita ao Santuário do Caaró e Assunção do Ijuí, locais onde ocorreram o martírio dos Santos Missioneiros, locais de cura de câncer, motivo do processo canônico que levou a canonização. Sempre lembrando que a igreja considera os Santos do lugar onde eles morrem.
O Padre Roque Gonzales de Santa Cruz nasceu na cidade de Assunção no ano de 1576. Seu pai, Bartolomeu Gonzales de Valverde, e sua mãe, Maria de Santa Cruz. Roque naturalmente aprendeu a falar o Guarani, língua que naquela época, como hoje, é à base da cultura do Paraguai. Desde cedo, via com indignação as graves injustiças cometidas contra os guaranis pelos colonizadores, especialmente pelos encomendeiros. Foi ordenado padre em 1599, com 22 anos de idade, assumindo o trabalho no meio dos índios da região de Maracaju. Logo foi nomeado cura da catedral de Assunção, já em 1609, foi nomeado Vigário-Geral da Diocese. Iniciou o noviciado na Companhia de Jesus no dia nove de maio de 1609, onde ingressou definitivamente em 1619.
Iniciou seu trabalho no meio dos perigosos índios guaicurus, Depois, em 1611, já emitidos seus primeiros votos na Companhia de Jesus, foi enviado à redução de Santo Inácio Guaçu. Em 1615, fundou às margens do rio Paraná a redução de Santana, logo depois fundou a redução de Itapua, onde hoje é a cidade de Posadas, redução esta depois transferida para o outro lado do rio Paraná, onde hoje é Encarnación. No livro Cronologia da História Rio-Grandense, na página 15, diz que esteve no território do Rio Grande do Sul a primeira vez em 1919, voltando para a outra margem. No ano de 1618, consolidou a fundação de Jaguapoa. Depois passou a fundar reduções nas margens do rio Uruguai. No dia 8 de dezembro 1619, fundou Concepción, do lado direito do rio. Finalmente, em 3 de maio de 1626, passou o rio Uruguai e fundou São Nicolau. No mesmo ano, funda São Francisco Xavier. Em 4 de fevereiro de 1627, fundou a redução de Japeju, esta na margem direita do rio Uruguai e a primeira em relação geográfica a Buenos Aires, que estava a 100 léguas. Em fevereiro de 1627, foi nomeado Superior Regional de todas as reduções da área do rio Uruguai. Em 2 de fevereiro de 1628, fundou a redução de Nossa Senhora de Candelária do Caazapá-mini, entre os rios Piratini e Ijuí. Aos 15 de agosto de 1628, fundou a redução de Assunção do Ijuí, local onde ficou trabalhando o padre João de Castilho. No dia primeiro de novembro de 1628, fundou a redução do Caaró. Dedicou-a a todos os santos mártires, especialmente aos três mártires do Japão: Paulo Miki, João de Goto e Diogo Chisai, da Companhia de Jesus.
O Papa Paulo II, antes de canonizar o agora Santo Roque Gonzales, Afonso e João, em seu discurso do dia 23 de fevereiro de 1982 aos Superiores Maiores da Companhia de Jesus disse que evocava o trabalho de Roque e seus companheiros como um modo exemplar de evangelizar. Sua missão era a de comunicar a fé, elevar o nível humano e cultural dos povos, promover uma vida social mais justa junto aos nativos.
O Padre Afonso Rodrigues nasceu aos 10 de março de 1598, em Zamora, Espanha. Em 25 de março de 1614, entrou na Companhia de Jesus, em Salamanca. Em 2 de novembro de 1616, juntamente com outros trinta e sete companheiros, entre eles João de Castilho, foi enviado à América, chegando a Buenos Aires no dia 15 de fevereiro de 1617. Foi ordenado sacerdote em fins de 1623. Seu primeiro ministério ocorreu entre os ferozes guaicurus às margens do Pilcomaio. Após, foi destinado à redução de Itapua, onde trabalhou até que pediu que fosse enviado a uma missão mais desafiadora. Juntamente com Roque Gonzales, Afonso Rodrigues lança as bases do Caaró em 1628.
O Padre João de Castilho nasceu em Belmonte na Espanha em 14 de setembro de 1595. Iniciou seu noviciado na Companhia de Jesus em 1614, com 18 anos de idade. Em 1617, chegava à América. Concluídos os estudos de Filosofia, foi enviado para o Colégio da Conceição, no Chile. Em 1625, foi ordenado sacerdote. Iniciou seu ministério na redução de São Nicolau, onde se aprofundou na Língua Guarani. No dia 15 de agosto de 1628 ajudou Roque Gonzáles a fundar a redução de Assunção do Ijuí. Após dois meses e meio, Roque Gonzales o deixou para fundar Caaró.
Roque Gonzales e Afonso Rodrigues foram martirizados no Caaró e João de Castilho em Assunção do Ijuí no ano 1628. Locais de milagres, especialmente de cura de câncer, item, fundamental no processo de canonização.
Em 28 de janeiro de 1934, o Papa Pio XI declarou a beatificação dos Três Mártires das Missões, e no dia 16 de maio de 1988, o Papa João Paulo II canonizou-os, declarando-os Santos oficialmente. O fato ocorreu em Assunção no Paraguai. Assistiram à cerimônia quinhentos mil fiéis.
Visitar as Missões é dar um mergulho na formação da América Latina. Hoje se pode ver o que restou deste grande projeto em uma visita ao Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade de São Miguel das Missões, único do Sul do Brasil, mas também em outros sete locais missioneiros na parte brasileira. Outros locais imperdíveis são o Caaró e Assunção do Ijuí, representativos da morte dos três Santos Mártires Missioneiros. Há um conjunto de cidades de formação europeia do início dos anos 1900. Imperdível é andar pelo ‘Caminho das Missões’ em seus roteiros de 28, 14, 8, 6 ou 3 dias a pé. Depois, passa-se ao lado argentino e paraguaio, completando a visita turística aos 30 Povos, o Circuito Internacional das Missões Jesuítico-Guarani, onde são sete patrimônios mundiais missioneiros.
Serviços: Operadora Caminho das Missões – www.caminhodasmissoes.com.br
José Roberto de Oliveira, pesquisador.

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