quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Trabalho de graduação na URI desenvolve Brinquedo Inteligente para aprendizagem de braile

Graduando do curso de Ciência da Computação na URI Santo Ângelo, Emmanuel Zago Mendes está vivendo nesta semana a concretização de seu projeto de TCC - Trabalho de Conclusão de Curso na área de Tecnologias Assistivas. Com orientação da professora M.Sc.Cristina Paludo Santos, ele concebeu o trabalho intitulado “Desenvolvimento de um Brinquedo Computacional Tangível para Auxílio da Alfabetização Braile e do Estímulo à Percepção Tátil”.
“A ideia foi criar um brinquedo inteligente para crianças cegas que estão na fase de aprender o braile, explica Cristina. “O artefato possui peças impressas em 3D que quando colocadas em um espaço dotado de sensores identificam a peça ali colocada e fazem emergir os pinos correspondentes às letras que formam a palavra em braile, com o nome da peça”.
Emmanuel escolheu o tema animais. As peças correspondentes aos animais foram projetadas e impressas em 3D no laboratório de Sistemas Digitais da URI
“O trabalho do Emmanuel é o ponto de partida para que novas possibilidades sejam desenvolvidas, contemplando inclusive funcionalidades que vão além da alfabetização”, comenta a professora.
De acordo com Emmanuel, “a concepção do artefato envolveu estudos relacionados a normas de segurança para brinquedos, questões técnicas ligadas a hardware e software, bem como a definição das dimensões e desenvolvimento em 3D do projeto, definição da plataforma de software, implementação da aplicação, definição dos componentes de hardware, construção da estrutura do protótipo e a validação com os usuários. Sua orientadora observa que “a computação sempre nos faz ampliar os horizontes, buscando conhecimento em outras áreas”.

A implementação do brinquedo computacional, como um auxílio à aprendizagem a braile, foi considerada uma opção viável e acessível, pois para a concepção do brinquedo não há necessidade de um investimento de grande porte, além de ser uma forma lúdica para auxiliar na alfabetização de crianças cegas.
Preparando-se para buscar Mestrado em Computação no Canadá, Emmanuel destaca a importância da área que escolheu para seu trabalho de graduação; “O cerne das tecnologias assistivas é o aperfeiçoamento no auxílio com qualquer instrumento, serviço, produto ou técnica a pessoas com limitações físicas, genéticas ou em decorrência da idade avançada. Bem como a possibilidade de se prevenir, compensar ou até, em muitos casos, neutralizar alguma incapacidade do indivíduo e permitir uma qualidade de vida melhor com sua autonomia assegurada”.
Na noite de segunda-feira, 9, Emmanuel e sua orientadora receberam Artur Callegaro, cego, que se dispôs a auxiliar no projeto testando sua utilização.

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA URI
A área de Tecnologias Assistivas, coordenada pela professora Cristina Paludo nos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação já rendeu importantes pesquisas e trabalhos na URI Santo Ângelo.
No período entre 2008 a 2010 foram promovidas aulas de Informática para Deficientes Visuais.
Em 2011 foi concebida uma bengala eletrônica composta por sensores que vibram quando há obstáculos acima ou abaixo da cintura.
Em 2013 foi concebida uma impressora braile de baixo custo. Neste mesmo ano foi desenvolvido um projeto que transformou antigas máquinas caça-níqueis em soluções educacionais acessíveis. O projeto rendeu o Prêmio Estadual em Educação em 2014.
Em 2014 foi desenvolvido o Conversor Braile –um dispositivo que permite a leitura tátil em braile. O trabalho ficou entre os finalistas no Prêmio Estadual de Educação em 2015.
Em 2015 foi desenvolvida uma solução computacional baseado no mapeamento de etiquetas RFID no ambiente e na comunicação, com dispositivos móveis para auxílio à navegação para deficientes visuais.

Em 2016 foi desenvolvido o AvaDoc – um avaliador de acessibilidade que aponta as alterações que devem ser realizadas em documentos digitais de forma a torná-los acessíveis.

Em 2019 foi desenvolvido um chatbot destinado à comunicação com usuários surdos. Neste mesmo ano, também foi desenvolvida uma pesquisa que propõe regras para o desenvolvimento de aplicativos destinados a pessoas com daltonismo, considerando os vários tipos de daltonismo existentes.

É importante registrar dois aspectos: os acima citados são apenas alguns trabalhos já desenvolvidos; a área de TA continua sendo fonte de estudos, com vários alunos dedicados ao desenvolvimento de novas pesquisas/protótipos voltados para atender as necessidades de pessoas com deficiência. (Fotos:Gilda Karlinski)

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