Maickelly Backes de Castro e Simone Zientarski;
Acadêmicas do 7º sem. Pedagogia – URI – Santo Ângelo.
Cênio Back Weyh
Docente e pesquisador – Dr. em Educação.
No contexto da universalização da oferta da escola pública para as classes populares, sabemos do grande avanço conquistado no início deste século no que se refere à ampliação do ensino para todos de forma gratuita, enquanto um direito de qualquer cidadão. Entretanto, isto não significa dizer que se trata de uma educação de caráter popular.
Educação na perspectiva popular não significa apenas a oferta de vagas, o acesso à escola, a sua permanência. Neste caso, a escola perde a sua função social e apenas instrui os sujeitos para que se adaptem a um determinado sistema, jamais sendo questionada a realidade e tão pouco, redefinida a partir das necessidades reais dos setores populares.
A ampliação da obrigatoriedade dos 04 aos 17 anos encaminha a educação para um crescimento da universalização do acesso à escola pública pelas classes populares, o que muitas vezes se confunde com educação popular. Nestes termos, distinguir educação popular de educação do popular no âmbito da escola pública é fundamental para entendermos essa população que chega em massa à escola, mas que reprova, evade, abandona.
Segundo Freire (2003), a Educação Popular orienta-se por um conjunto de pressupostos que não tem o objetivo apenas da lógica do mercado como possibilidade de inserção na sociedade, em uma civilização. A educação deve ser pensada como prática para tornar os sujeitos emancipados, tendo em vista que o conhecimento é um dos caminhos para a construção do poder das classes populares. No entanto, este conhecimento nem sempre é o institucionalizado e já esvaziado, mas um conhecimento que implica na construção do sujeito como cidadão, possibilitando-lhe a consciência plena do seu papel na sociedade como ser histórico-social-cultural.
Nesta perspectiva, a própria sociedade dita do conhecimento, exclui essas camadas populares, por oferecer condições precárias no contexto escolar, não permitindo que se efetue uma educação de qualidade, que tome como ponto de partida a história, a cultura e as trajetórias de vida dos sujeitos envolvidos. Trata-se de uma educação de classes subalternas com conteúdo burguês, o que ocasiona uma escola ofertada para muitos, mas com altos índices de fracasso, resultando na perda de identidade e da função social da escola pública.
A Educação Popular, historicamente surgiu e se desenvolveu fora do ambiente escolar, contrapondo-se às práticas educativas institucionalizadas. A pedagogia proposta pela educação popular busca ainda hoje pautar-se pela crítica ao formalismo da escola tradicional, constituindo-se como espaço e tempo de inovação e de transformação pedagógica no viés da teoria e da prática educativa.
A presença da Educação Popular sempre representou uma inquietação para as classes dominantes, haja vista seu caráter transformador. Trata-se de um tipo de educação que objetiva o empoderamento daqueles que o sistema educacional elitista historicamente empurrou para margem da sociedade.
Equidade e igualdade de oportunidades são princípios fundantes da perspectiva do campo popular. Por isso, num contexto de economia liberal capitalista pautada na competividade predatória, a educação popular transformadora apresenta-se como teoria e prática que contempla os interesses de todos aqueles que buscam construir uma sociedade com menos desigualdades.
REFERÊNCIA
FREIRE, Paulo. Política e Educação. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
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