Ministério Público Estadual deflagra no noroeste gaúcho terceira operação contra adulteração do produto.
Joana Colussi | Três de Maio
Desde o início da
manhã, três equipes formadas por 10 policiais, três promotores de
Justiça, 11 servidores do MPE e três do Ministério da Agricultura
cumprem mandados de busca e apreensão no galpão e residência de Reidel,
em outra propriedade da família em Nova Candelária e num posto de
resfriamento da indústria LBR, em Giruá – onde os caminhões do suspeito
entregam leite diariamente. No local a equipe também encontrou vestígios
de bicarbonato de sódio, soda cáustica e sal. Ainda não há confirmação
de que essas substâncias foram adicionadas ao leite.
Após desarticular o esquema de adulteração do leite com água, ureia e formol no Rio Grande do Sul, o Ministério Público Estadual (MPE) deflagrou nesta quinta-feira operação contra uma nova fraude: adição de água oxigenada no produto. A terceira fase da Operação Leite Compen$ado resulta no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão em Três de Maio e Nova Candelária, no Noroeste gaúcho.
>> Confira outras notícias sobre a Operação Leite Compen$ado
>> Crise entre instituições prejudica investigação sobre o leite no Estado
A adição da substância disfarça as más condições sanitárias de conversação e transporte, além de aumentar o volume – já que o peróxido de hidrogênio (popularmente conhecido como água oxigenada) se transforma em água quando adicionado ao leite.
– A água oxigenada é bactericida, por isso estabiliza o leite quando ele está envelhecendo, não deixando azedar – explica o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pela investigação.
O peróxido de hidrogênio causa a redução do valor nutricional do leite. Quem o ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração da substância. Fraude semelhante foi descoberta em Minas Gerais ainda em 2007, na Operação Ouro Branco.
Conforme a investigação do MPE no Estado, o líder do esquema seria Airton Jacó Reidel, 31 anos, proprietário de uma transportadora de leite em Três de Maio. Com a ajuda da esposa, Rejane Dias, e dos sobrinhos Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten, o transportador faria a adulteração em um galpão com três resfriadores próximo ao centro da cidade – após coletar o leite de produtores rurais e antes de entregar à indústria. A prisão temporária dos suspeitos, solicitada pelo MPE, foi negada pela Justiça, que entendeu que ao apreender os equipamentos os suspeitos não teriam condições de continuar adulterando o leite.
– Temos escutas telefônicas em que os investigados falam claramente sobre a adição de água oxigenada no leite, até mesmo com detalhes sobre quantidades adicionadas – detalha Rockenbach.
Investigação sobre novo esquema
Iniciada no começo de setembro, a investigação sobre um novo esquema de adulteração do leite começou quando a LBR e a Laticínios Malmann informaram ao MPE e ao Ministério da Agricultura ter detectado a presença de água oxigenada em cargas de leite entregues pelos caminhões da transportadora de Reidel.
– As empresas informaram ter rejeitado as cargas por detectar a substância em exames feitos na chegada do produto – conta o promotor de Justiça Alcindo Bastos da Silva Filho, da Promotoria Especializada em Defesa do Consumidor.
Conforme o promotor, o fato das indústrias terem rejeitado as cargas reduz o risco do produto adulterado ter chegado ao consumidor.
– Mesmo assim, não tem como ter certeza absoluta. Se passou algo, foi em concentração muito pequena, com baixo risco à saúde – aponta o promotor.
A LBR, donas das marcas Bom Gosto e Parmalat, foi uma das indústrias a ter lotes retirados do mercado na primeira fase da operação, em maio deste ano. Desde então, outras duas empresas, Italac e BRFoods, firmaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para aumentar o rigor nas análises e apertar o cerco contra a ação de atravessadores fraudulentos.
Apesar de ter detectado a adulteração, a BRF não deixou de receber o leite aprovado em análises entregue pelos três caminhões da transportadora, conforme o MPE. Já a Laticínios Malmann deixou de receber o produto do atravessador suspeito.
Operação Leite Compen$ado
Deflagrada em maio deste ano, a operação resultou em processos criminais de 19 pessoas: 10 em Ibirubá, quatro em Ronda Alta, duas em Guaporé, uma em Horizontina e outra em Três de Maio. Das 14 pessoas detidas 10 continuam presas, incluindo o vereador de Horizontina Larri Lauri Jappe (PDT).
Até agora, as operações estavam focadas na ação de atravessadores que adicionavam água e ureia com formol ao leite. Na terceira etapa, deflagrada nesta quinta-feira, foi descoberta a fraude feita com água oxigenada.
Fonte: Zero Hora
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A adição da substância disfarça as más condições sanitárias de conversação e transporte, além de aumentar o volume – já que o peróxido de hidrogênio (popularmente conhecido como água oxigenada) se transforma em água quando adicionado ao leite.
– A água oxigenada é bactericida, por isso estabiliza o leite quando ele está envelhecendo, não deixando azedar – explica o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pela investigação.
O peróxido de hidrogênio causa a redução do valor nutricional do leite. Quem o ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração da substância. Fraude semelhante foi descoberta em Minas Gerais ainda em 2007, na Operação Ouro Branco.
Conforme a investigação do MPE no Estado, o líder do esquema seria Airton Jacó Reidel, 31 anos, proprietário de uma transportadora de leite em Três de Maio. Com a ajuda da esposa, Rejane Dias, e dos sobrinhos Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten, o transportador faria a adulteração em um galpão com três resfriadores próximo ao centro da cidade – após coletar o leite de produtores rurais e antes de entregar à indústria. A prisão temporária dos suspeitos, solicitada pelo MPE, foi negada pela Justiça, que entendeu que ao apreender os equipamentos os suspeitos não teriam condições de continuar adulterando o leite.
– Temos escutas telefônicas em que os investigados falam claramente sobre a adição de água oxigenada no leite, até mesmo com detalhes sobre quantidades adicionadas – detalha Rockenbach.
Investigação sobre novo esquema
Iniciada no começo de setembro, a investigação sobre um novo esquema de adulteração do leite começou quando a LBR e a Laticínios Malmann informaram ao MPE e ao Ministério da Agricultura ter detectado a presença de água oxigenada em cargas de leite entregues pelos caminhões da transportadora de Reidel.
– As empresas informaram ter rejeitado as cargas por detectar a substância em exames feitos na chegada do produto – conta o promotor de Justiça Alcindo Bastos da Silva Filho, da Promotoria Especializada em Defesa do Consumidor.
Conforme o promotor, o fato das indústrias terem rejeitado as cargas reduz o risco do produto adulterado ter chegado ao consumidor.
– Mesmo assim, não tem como ter certeza absoluta. Se passou algo, foi em concentração muito pequena, com baixo risco à saúde – aponta o promotor.
A LBR, donas das marcas Bom Gosto e Parmalat, foi uma das indústrias a ter lotes retirados do mercado na primeira fase da operação, em maio deste ano. Desde então, outras duas empresas, Italac e BRFoods, firmaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para aumentar o rigor nas análises e apertar o cerco contra a ação de atravessadores fraudulentos.
Apesar de ter detectado a adulteração, a BRF não deixou de receber o leite aprovado em análises entregue pelos três caminhões da transportadora, conforme o MPE. Já a Laticínios Malmann deixou de receber o produto do atravessador suspeito.
Operação Leite Compen$ado
Deflagrada em maio deste ano, a operação resultou em processos criminais de 19 pessoas: 10 em Ibirubá, quatro em Ronda Alta, duas em Guaporé, uma em Horizontina e outra em Três de Maio. Das 14 pessoas detidas 10 continuam presas, incluindo o vereador de Horizontina Larri Lauri Jappe (PDT).
Até agora, as operações estavam focadas na ação de atravessadores que adicionavam água e ureia com formol ao leite. Na terceira etapa, deflagrada nesta quinta-feira, foi descoberta a fraude feita com água oxigenada.
Fonte: Zero Hora
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