quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A vida dele era o Aymoré...

O E. C. Aymoré está de luto. Faleceu de infarto fulminante Jorge França Soares, massagista dos veteranos do clube e uma espécie da faz tudo na Taba Índia. A vida dele era o Aymoré, não falhava um dia sem dar uma olhada no gramado, nos vestiários, na arquibancada, nas formigas, no inço, na sacola de massagens, na água para encher o tanque para molhar o gramado, etc. Aos sábados lá estava o Jorge enchendo as garrafinhas de água, dando uma olhada nas bolas do jogo pra ver se estavam com a calibragem ideal, vendo apito, bandeirinhas. Uma delas era sua, isso era sagrado. Como se fosse um ritual, jorge apanhava uma bandeirinha e atravessava o gramado e se postava no lugar de sempre, com a imponência de um guerreiro que sabia de sua importância para a batalha que estava prestes a iniciar. Jorge amava o Aymoré e a Taba Índia talvez mais que seu próprio lar, pois morava sozinho em sua humilde casa, e no Aymoré tinha uma legião de amigos, parceiros de tantas jornadas pelos gramados da região. Hoje depois de seu sepultamento, instintivamente quando me dei por conta estava na Taba Índia a vagar sem rumo pelo gramado, na vã esperança de que ali talvez visse o Jorge com seu chapelão a cuidar da grama como se fosse a coisa mais importante de sua vida. Os quero-queros do Aymoré sempre fazem um alarido quando alguém adentra o gramado da Taba Índia, mas com o Jorge era diferente. Bicho arredio, xucro, bravo, valente, parecia entender que o Jorge não lhes faria mal e aceitava sua companhia como se fosse da família. hoje, quando entrei no gramado não os avistei, fiquei por lá cerca de uma hora e eles não apareceram. Tenho certeza que eles estavam lá no campo do Cruzeiro, zelando o sono eterno do nosso amigo Jorge. Os bichos, já dizia o poeta, também têm alma. Deus, socorro, não consigo entender, tem tanto índio maleva que dura pra semente, e no entanto, tem tanta gente boa que se vai tão cedo. Por quê?

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