Resistência de
Plantas Daninhas
aos
Herbicidas.
O Engenheiro Agrônomo Ernani Thober, da equipe técnica da Coopermil participou do Seminário Latino Americano sobre Resistência de Plantas Daninhas aos Herbicidas.
Evento promovido pela Embrapa Trigo de Passo Fundo e Revista Plantio Direto.
A seguir o profissional
apresenta relato sobre
o que foi discutido
neste importante encontro:
“Com o agravamento da situação da resistência de plantas daninhas ao principal herbicida (glifosato) utilizado no Mundo, na América e principalmente no Brasil (a resistência ocorre quando determinada planta daninha não é mais controlada por um herbicida).
A questão está tirando o sono dos pesquisadores tanto junto aos órgãos de pesquisas como as empresas ligadas ao setor. A técnica de uso de herbicidas está difundida mundialmente e não existe outra forma de cultivo em grande escala sem o uso desta importante ferramenta.
No mundo já são mais de 20 espécies de plantas daninhas identificadas como resistentes a um ou outro grupo químico de herbicidas, só nos EUA são 13 e no Brasil e Argentina são 5 as espécies identificadas com resistência, contabilizando grandes prejuízos ao setor agropecuário em função do agravamento do custo e perdas na produção.
De olho na situação em nosso Estado e principalmente na região, observamos o agravamento de 3 espécies, uma atingindo diretamente nossa principal cultura que é a soja (buva) a outra atingindo mais drasticamente o trigo e o milho (azevém) e outra espécie perene, (capim amargoso) que permanece na lavoura por vários anos, onde nem doses altas de glifosato controlam mais.
Estamos vislumbrando um cenário semelhante aquele existente antes da implantação da soja RR (resistente ao
glifosato) também conhecida como Transgênica, onde os herbicidas convencionais selecionaram espécies não controladas pelo seu uso contínuo. Após 15 anos de uso mais intensivo, podemos acompanhar exemplos de outros países como os EUA ou Austrália, que usam há mais tempo a técnica da soja transgênica, onde atualmente os mesmos estão com sérios problemas e não diferente a eles nós também fatalmente cairíamos no mesmo processo de seleção de ervas tolerantes com uso intensivo e contínuo deste herbicida.
O que fazer, se a expectativa para os próximos 8 a 10 anos é de não existir a possibilidade de lançamento de novos grupos químicos mais eficientes que o glifosato, nossa principal ferramenta no manejo de invasoras em culturas comerciais. Temos o desafio de conviver com esta problemática instalada no campo, buscar aprender com as experiências já vividas pelos nossos vizinhos (Argentina), e entender que a solução prática que a transgenia nos
proporcionou não é mágica e precisa de alguns cuidados para que ela continue nos trazendo todos estes benefícios ainda por muitos anos.
Portanto, a prática de Manejo Integrado como: Manejo Cultural (rotação de culturas, plantas de cobertura e adubação verde), Manejo Mecânico (diminuição do intervalo colheita e plantio, tecnologia de aplicação) e Manejo Químico Racional (mistura de herbicidas, identificação de espécies, ponto de aplicação) estão baseados em planejamento e assistência técnica qualificada. Fazer frente a este problema é necessário um resgate dos herbicidas mais antigos usados na época da soja convencional, que estão fazendo parte das misturas para atacar plantas daninhas selecionadas pelo glifosato.
Temos a certeza que não existem soluções mágicas, mas existem sim ações “Proativas”, baseadas em ações
preventivas, com o objetivo de prevenir a ocorrência da resistência de plantas danosas, onde a interferência
do profissional de assistência técnica, aliado ao produtor rural, tem papel fundamental para fazer frente a este problema que se instala no campo.”
Fonte: Engenheiro Agrônomo Ernani Thober